Introdução à filosofia de Bergson
Disponível no formato impresso.
1ª edição, maio de 2016
120 páginas
Projeto gráfico de Wanduir Durant
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Se a filosofia é percebida como uma atividade criadora, é evidente que a arte e a ciência também as são, embora haja um problema fundamental concernente a esta última: o uso dominante das descobertas científicas a serviço de invenções que pretendem satisfazer necessidades artificiais. A invenção mecânica é um dom natural, a sua essência mesma é permitir, através do domínio da matéria bruta, que o impulso vital continue a se expandir. Porém, seu mau uso se encontra na tentativa de satisfazer as necessidades de prazer, luxo e riqueza – necessidades que todo aquele que vive de modo criador já se libertou. Se "a mística chama a mecânica" é porque um outro uso da mecânica resulta em um favorecimento cada vez maior da intuição. As invenções mecânicas podem, então, libertar os homens das necessidades superficiais, permitindo, de modo crescente, que eles despertem virtualidades de intuição e, além disso, coincidam com o impulso vital ao criarem obras amorosamente – obras que não podemos sequer imaginá-las. Somente assim a humanidade poderá ir além de si mesma, realizando, como diz Bergson, a função essencial do universo, que "é uma máquina de fazer deuses", isto é, uma máquina de criar criadores, seres que, ao prolongarem a ação criadora, superam o medo da morte e experimentam que são eternos. É por isso que atualmente existem, em razão do altíssimo grau de industrialismo e mecanização que a humanidade chegou, todas as condições para realizarmos essa função essencial. Porém, a humanidade "não sabe o suficiente que seu futuro depende dela. Cabe-lhe primeiro ver se quer continuar a viver. Cabe-lhe indagar depois se quer viver apenas, ou fazer um esforço a mais para que se realize, em nosso planeta refratário, a função essencial do universo, que é uma máquina de fazer deuses".
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